Espero pelo inacreditável. Em cada dia da minha vida. Até mesmo naquelas modorrentas tardes de domingo, quando não se quer acreditar que logo mais será segunda-feira. Até mesmo nas noites úmidas e frias, quando o colchão só tem o peso de um e o travesseiro ao lado fica solteiro. Até mesmo quando entrelaço minha vida a algo imprevisível que subitamente se torna totalmente palpável e consequentemente sem graça. Até mesmo nas noites de lua cheia, nas tardes à beira-mar, nos jantares formais, nos passeios pela rua de paralelepípedos daquela velha cidade do interior. Até mesmo quando o teu beijo já perdeu o rumo da minha boca, quando a tesoura do meu imaginário boicotou a possibilidade de te ver de volta no final do verão. Até mesmo nos meus sonhos, que invades sem cerimônia, fazendo teu roteiro noir de filmes sem sentido. Até mesmo quando escuto a nossa velha música, sentada na varanda da sala, esperando que algo mais que a chuva entre pela minha janela, pelas minhas narinhas, pela minha vida.

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