No mesmo compasso de velhas trilhas sonoras, eu amo e desamo cada vez mais. Danço no escuro, sem ritmo, sem vergonha, apenas para mim, apenas para ser assim. Me perco nos meus pensamentos, páro de dançar e me deixo chorar, nem que seja só por agora. Ninguém está vendo, ninguém está julgando. Porque o mundo antes de me aceitar, me condena. Pela minha roupa, pelo meu sorriso despudoradamente feliz, pela minha atitude inadvertidamente sincera, por eu amar, por ser amada, por simplesmente eu ser eu.
Há razões para o amor. Ele não se sustenta em pedaços, só inteiro é completo, firma-se, sobrevive aos problemas, dura. A paixão, eu bem sei, é o ponto inicial do amor. É o seu começo, um pedaço apenas, que dá cor, brilho, frenesi. Mas morre. Ou, às vezes, apenas arrefece. O amor, não. Ele fica. O meu ficou. O meu vive. E sempre me aquece. Porque me apaixonei por ti? Nem sempre é simples explicar, não é uma equação, não é algo necessariamente baseado em fatos. Para te amar, é preciso sentir meu coração e dar ouvidos à minha razão. Ouço o meu coração quando minha pele se arrepia perto de ti. Ouço o meu coração quando te vejo. Ouço o meu coração quando só o que quero é recostar minha cabeça no teu peito e sorrir. Ouço o meu coração quando já não suporto de saudades do teu cheiro, do teu beijo, do teu amor. Dou ouvidos à minha razão quando me dou conta do incrível homem que és. Eu te amo justamente pelo homem que és. Por ser sensível, honesto, amoroso, engraçado, espirituoso, inteligente. Por me fazer rir de bobagens, e um minuto depois me fazer querer te esganar. Por fazer aflorar o meu amor mais puro. Por me mostrar ser meu amigo. Por me ensinar a dividir uma vida, em todas as suas dificuldades e belezas. Por me estender a mão quando eu mais precisei, por me elogiar quando eu menos esperei, por me beijar com amor, me abraçar com carinho, me amar com paixão, me fazer tua mulher. Eu te amo com meu coração e minha razão. Te amo com teus erros e com teus defeitos. Com os meus erros e com os meus defeitos. Te amo porque sabes ser a cada dia aquele com quem escolhi viver.
Te procuro nos meus pensamentos. Na escuridão da minha mente, nas minhas poucas e (in) felizes memórias. Quero te resgatar na minha vida, seja como for. Se não posso ter teu corpo, tua alegria, teu companheirismo, tua alma alegre e tua alegria contagiante, que tenha tua lembrança - ao menos isso. Mas a dor, creio, foi tão forte que apagou o que restava de ti no meu pensamento.
Somos antíteses, eu e tu. Parecemos fogo e água, tempestade e calmaria, sol e lua. Discordamos, brigamos, flertamos com nossas diferenças, com nossas discordâncias sobre tudo (ou será quase tudo? Porque também temos nossas afinidades. Muitas. Em muitos momentos. Amamos a música e toda a poesia que há. Somos enredados pela sétima arte, nos curvamos à beleza de um por de sôl, nos entristecemos com as desventuras, nos enraivecemos juntos com as injustiças). Mas somos, sim, um casal. Porque o amor não quer sempre concordância. Não quer sempre um sim, precisa de um talvez, e muito de um não. Porque não? Somos antíteses, sim, eu e tu. Mas são as incoerências, são as nossas diferenças, são os nossos gostos divergentes (mas não conflituantes) que nos tornam atraentes um ao outro. Porque o tesão gosta da conquista, precisa da conquista, se alimenta da conquista. E o mar da nossa paixão precisa, sempre, ser caudaloso, senão a graça se perde na praia. Ou não é assim?
Espero pelo inacreditável. Em cada dia da minha vida. Até mesmo naquelas modorrentas tardes de domingo, quando não se quer acreditar que logo mais será segunda-feira. Até mesmo nas noites úmidas e frias, quando o colchão só tem o peso de um e o travesseiro ao lado fica solteiro. Até mesmo quando entrelaço minha vida a algo imprevisível que subitamente se torna totalmente palpável e consequentemente sem graça. Até mesmo nas noites de lua cheia, nas tardes à beira-mar, nos jantares formais, nos passeios pela rua de paralelepípedos daquela velha cidade do interior. Até mesmo quando o teu beijo já perdeu o rumo da minha boca, quando a tesoura do meu imaginário boicotou a possibilidade de te ver de volta no final do verão. Até mesmo nos meus sonhos, que invades sem cerimônia, fazendo teu roteiro noir de filmes sem sentido. Até mesmo quando escuto a nossa velha música, sentada na varanda da sala, esperando que algo mais que a chuva entre pela minha janela, pelas minhas narinhas, pela minha vida.
Naquele labirinto, onde as palavras se escondem da memória. Naquele cantinho esquecido do cérebro, sem gavetas, sem armários, sem onde guardar. Naquele pedaço mal arrumado do coração, onde teias de aranha fizeram uso capião. É lá, somente lá, que vais me encontrar. Perdida, esquecida, machucada. Por tanta dor, por tanta tristeza, por tanta saudade e tudo o mais que há.
O meu coração não está disponível. Talvez ele esteja só. Ou apenas precise de umas batidas a mais para sentir que ainda está vivo. Mas o meu coração não está disponível.
Cheiro de mar, amor de verão. Sorrisos e beijos sem culpa. Paixão que me assola, me tira o sono, me faz sorrir sem motivo, tremer sem notar, me deixa insone, alerta, menina-mulher sem chão. Deixa meu corpo sensível, meu olhar embaçado, faz meu coração pular. Paixão sem dor, sem sentido, não explico, apenas sinto aqui dentro como se mil furacões percorressem meu corpo. Não te amo, ainda, perceba. Mas te quero, ah, como quero. Ontem, hoje e amanhã.
Tô com saudades do Rio de Janeiro!
Hoje, após o almoço, vi uma turma de escola visitando meu local de trabalho. Crianças e adolescentes, não mais que 13, 14 anos de idade, hormônios aflorando e se misturando à infantilidade. Burburinho, risos, frases soltas em volume alto. Delícia. Lembranças de uma infância pura. Simples. De brincadeiras sem maldade em ruas tranquilas nas noites sem perigo. De beijos roubados sem nem saber o motivo, de preocupações apenas escolares, de tristezas somente pela morte do bicho de estimação, de dores apenas do arranhado do joelho. De uma vida cheia de expectativa pela vida que viria...
Por muito tempo eu esperei que o sorriso fosse sincero. Por muito, muito tempo, eu quis que o amor fosse verdadeiro. Hoje sei que sinceridades e verdades não são frutas maduras ao alcance da mão. Aprendi, da maneira mais dura possível, que é preciso acreditar e duvidar, talvez na mesma medida. Aprendi que o amor não pode ser pedido. Que a amizade é real apenas quando conquistada. Que a fidelidade não é moeda de troca. Que a longevidade de um sentimento independe dos nossos quereres. Aprendi que posso amar e sofrer, na mesma medida. Aprendi que posso querer sempre mais sem ser ingrata. Espero aprender, um dia, que tudo isso valeu a pena.
O amor, ainda que insano, ainda que transparente, ainda que fugaz
Esse amor, de tantos anos, de tanta dor e tantos sorrisos
Ah, amor, velho companheiro, velho amigo, me acompanhas ao redor da vida
Amor, amor, que seria de mim sem que tu me abrigasses todos os dias, beijasse minha teste e me fizesse mais e mais amor
Amor, paixão, desejo, tesão... Tudo no meu peito, confuso, reunido, junto, colado, ligado. Desejo de te ter sempre, amor, sentimento e pessoa
Amor em mim hoje é a falta que me faz teu corpo
É o sentimento de perda de algo que ainda tenho
É a certeza de mais e mais amor