Minha dor inseparável

Nada, nada, nada, nada me dói mais do que ouvir minha mãe dizer que sente muita saudade de mim. Nada me machuca mais do que isso. Nada mais faz meu coração sangrar como ouvi-la dizer que sente a minha falta. A distância é uma serpente má, uma vilã que me persegue há seis anos, um mal que me ronda todos os dias, incessantemente. A distância me faz sempre, sempre, sempre ter saudades. E essa saudade me persegue até nos meus sonhos, é minha companhia mais inseparável, em cada um desses seis anos. Nada, nada, nada fere mais meu coração do que saber que estou longe, sempre longe e que isso me impede de ver sorrisos, de dar abraços, de receber beijos e carinhos. A distância me impede de acompanhar meus pais em sua velhice. Me impede de ver o desenvolvimento dos meus sobrinhos. Me impede de rir com meus irmãos. A distância me aparta de suas festas, de suas alegrias, de seus aniversários, do casamento do meu primo sábado que vem. Sim, eu estou sempre, sempre, sempre ausente. Sim, fui eu quem escolhi. E eu aceito essa carga, todos os dias, todos os momentos em que a saudade me sufoca e se transforma em dor física. Eu aceito que essa dor que sinto todos os dias é de minha própria responsabilidade. Eu aceito. E isso faz com que a dor seja ainda maior. Ela vem em ondas, todos os dias. Ela me invade quando acordo, ela está presente quando vou dormir. Em todos os instantes, sinto a distância. E choro.

4 comentários:

Unknown disse...

Pati, Nos Gerais da Dor é o primeiro livro publicado pela avó da Mariana, a Maria Carpi. Não sei se tu conhece, mas retrata a 'beleza da dor' entre tantas outras facetas dela... Fica a sugestão. Beijo grande!!

Cláudia disse...

Enquanto lia este texto escrito por ti, não consegui evitar as lágrimas que transbordavam em mim. A mesma dor que tu sentes, eu sinto, mas eu também escolhi assim... sem família, sem chimarrão com os amigos, sem festas de aniversário, casamento, churrasco aos domingos... Imagina eu, que moro tão mais longe ainda e que sou filha única e que não tenho NENHUMA amiga aqui neste lugarzinho pequeno. (Isso pra tentar te consolar um pouco.)
Que eu sou filha única... este é o meu maior peso... não poder ajudar meus pais quando eles precisam... numa simples consulta ao médico, quando precisam de um abraço de filha... é duro viu!! Muito duro e evito de pensar nisso, pois só o que consigo fazer é me martirizar.
Mas eu estou vivendo os meus maiores sonhos que eram: morar neste país, ter o meu Amor e ter a minha própria família, então...
Fiquei muuuito feliz por poder "te ler" novamente e bola pra frente!
Um beijo com muita saudade.

B. Sejamos Felizes Rissi disse...

Pati, Cláudia! senti a dor, senti por vocês duas... mas pior que a distância geográfica é aquela dor da outra distância... de quem está perto e não abraça e não ama, nem cuida dos pais velhinhos, tão pouco conhecem a alegria do churrasquinho aos domingos, ou tomar uns chimas... essa dor mata um pouquinho todos os dias, o tempo todo...

Monica disse...

Pati, nao te conheço pessoalmente, mas a Claudia sempre me falava de ti. Sou de Estrela e morava na mesma rua que ela lá em Porto. Agora estou trabalhando em Recife e, lendo os posts, chorei, é claro. Ainda mais pois penso em sair do pais assim como nossa querida Claudinha, atras de um sonho, que nem sei bem qual é. Saudade nunca se mata, e sempre aumenta. Quanto mais passa o tempo, mais se sente ao inves de acostumarmos com ela. Mas estas com teu amor, construindo tua vida. Penso nos nossos ancestrais que vieram da Alemanha, muitos completamente sozinhos, sem saber falar portugues e se jamais ter a esperança de um dia voltar a rever seus parentes. Adorei teu blog, esta é minha primeira visita. Beijao.